sábado, 24 de janeiro de 2009

MST comemora 25 anos no Rio Grande do Sul
por Michelle Amaral da Silva última modificação 21/01/2009 14:26
Cerca de 1,5 mil militantes discutem em Sarandi a situação do campo e os desafios do movimento

21/01/2009
Dafne Melo e
Marcelo Netto Rodrigues
enviados a Sarandi (RS)
Depois de mais de duas décadas de a fazenda Anonni, no Rio Grande do Sul, ter sido alvo da primeira grande ocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – no ano de 1985 – a área volta a entrar para a história da organização como o palco para as comemorações dos seus 25 anos. Desde o dia 20, cerca de 1.500 militantes, vindos de 23 Estados, discutem, em Sarandi (RS), os rumos que o movimento deve tomar neste ano. As comemorações vão até o dia 24, quando também se encerra o 13º Encontro Nacional do movimento.
Segundo Marina dos Santos, da coordenação nacional do MST, os encontros nacionais, que ocorrem a cada dois anos, têm o objetivo de reunir a militância para discutir a situação da agricultura no país e os desafios e lutas do movimento. “Este ano, o diferencial é que também comemoramos 25 anos, então, além do Encontro, haverá uma grande festa no dia 24 na qual iremos reunir uma série de organizações da sociedade civil, personalidades e intelectuais, para também demonstrar o apoio da sociedade civil à luta do MST”.
Logo na entrada do assentamento Novo Sarandi, estão espalhadas cinco lonas pintadas que ostentam os lemas dos cinco Congressos que o movimento já realizou: “Terra para quem nela Trabalha” (1985), “Ocupar, resistir e produzir” (1990), “Reforma Agrária: uma luta de todos” (1995), “Reforma Agrária, por um Brasil sem latifúndio” (2000) e o atual “Reforma Agrária: por Justiça Social e Soberania Popular” (2007).
No local do encontro, três lonas gigantes de circo armadas num campo de futebol servem de alojamento às delegações, fazendo com que fronteiras inimagináveis aconteçam: Minas Gerais, por exemplo, está ao lado do Ceará e de Rondônia.
Longo caminho
Apesar de o encontro ter apenas cinco dias, para muitas delegações, ele começou mais cedo. No caminho até o Rio Grande do Sul, muitas passaram mais do que três dias dentro do ônibus nas estradas, como a do Ceará, por exemplo, que levou 78 horas para chegar a Sarandi, como relata um dos seus delegados, Lindenberg Pereira, que debate com seu grupo como será a mística apresentada pelos Estados do Nordeste.
Além de convidados nacionais, 55 amigos estrangeiros do MST eram esperados, vindos da Espanha, Noruega, Alemanha, Itália, Venezuela, entre outros países. Mas um convidado inesperado também se fez presente: o frio, que tem sido um problema já que as temperaturas baixaram abruptamente apenas na véspera do encontro quando quase todas as delegações já haviam partido dos seus Estados de origem com a informação de que o clima estaria muito quente durante o encontro.
Esse, entretanto, não é o único imprevisto. Na entrada do assentamento, desde o dia 19, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul tem feito plantão, parando os veículos que entram, conferindo documentos e licenças de viagens interestaduais. Os brigadianos têm permanecido na entrada inclusive durante a noite, com fogueiras acesas. Para além da intimidação desnecessária, há o receio de que se usem os dados recolhidos para criminalizar participantes do Encontro.

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